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Retrospectiva 2018 - decepções, erros, muito aprendizado e transformação pessoal
O ano de 2018 foi de muita transformação pessoal. Aprendizado, mudança de pensamento, cara a cara com a realidade. Foi bem legal.
O título ficou um pouco depressivo, porém é a mais pura realidade e, assim como tudo o que digo por aqui, é do fundo do coração. Esse ano eu me decepcionei bastante com as comunidades de desenvolvimento de software, com o trabalho (profissão mesmo) e com pessoas que eu considerava meus ídolos, além de ter cometido vários erros dos quais serviram para eu aprender muito.
Como venho fazendo todo ano, este aqui é um post sobre coisas marcantes do meu ano e pontos que acho legais de compartilhar para refletir e agradecer a tudo o que aconteceu. Não será somente decepção e “cagadas” relatadas aqui, mas o compartilhamento de várias reflexões e um autoconhecimento que só obtive agora.
Até a data em que escrevo esse artigo, eu li 46 livros, desde Comunicação Não-Violenta de Marshall B. Rosenberg até Procrastinação: Guia científico e O cangaceiro JavaScript este ano. Participei de muitos eventos, apesar deu ter me prometido em 2017 que iria fazer menos palestras/participar menos em 2018. Voltei a fazer terapia. Conheci muita gente e, finalmente, lancei meu livro, “O Universo da Programação”.
A vida passa, o ano voa e a faculdade eu não terminei ainda.
Se você quiser comparar este ano com os anteriores, confere aí:
- Retrospectiva 2016 - Como foi esse ano cheio de projetos legais, open source, eventos e muito mais.
- Um dos anos mais movimentados da minha vida. Retrospectiva 2017
O ano começa com as comunidades e palestras
O começo do ano é sempre mais sossegado pra mim, pois eu tento parar tudo o que faço em dezembro e volto somente em Janeiro - Isso relacionado a minhas iniciativas pessoais como blog e participação nos grupos e não ao trabalho. Quem dera, não é?
Este ano eu organizei a primeira edição do Global Diversity CFP Day no Brasil, em São Paulo. Um evento onde reunimos pessoas de grupos de minorias e ajudamos elas a se prepararem para fazer sua primeira palestra, técnica ou não.
O GDCFPDay é basicamente um workshop onde unimos pessoas que tem experiência palestrando, como Fernanda Bernardo, Dani Monteiro, Livia Gabos, Camila Campos, Carol Code, Lucas Silva e mais pessoas que deixariam o post muito grande, à pessoas de grupos sub-representados que desejam começar a palestrar.
Inclusive o evento está aberto para receber mantenedores para o ano que vem. Se você quiser assumir, basta entrar no site e propor uma edição (em qualquer lugar do Brasil - e do mundo se você estiver fora): global diversity CFP day.
Fazemos algo deste tipo porque, apesar de todos os esforços de iniciativas como o Codamos e WoMakersCode sabemos que as minorias não são representadas no palco de eventos de tecnologia e por isso nos unimos para fortalecer as pessoas e encorajá-las a participar.
Em seguida palestrei no São Paulo Gay Professionals Meetup, outro evento voltado a diversidade, onde falei sobre “O futuro das profissões com o avanço da tecnologia”.
Depois falei sobre algo que mexe muito com meu pessoal, que é sobre ansiedade e todos os problemas que essa doença do século XXI, tanto subestimada, causa em nós no TC TALKS SP, encontro presencial da comunidade Training Center em São Paulo.
O que não poderia faltar esse ano seria falar sobre ser fullstack e também sobre acessibilidade, então participei de uma iniciativa do Codamos para falar sobre a profissão fullstack para jovens de 16 à 20 anos:
E depois no HTML-SP sobre acessibilidade e open source!
E isso encerrou o ciclo de palestras do ano.
Outras contribuições com a comunidade
Tive um artigo publicado na revista iMasters sobre o processo de mentoria em ambientes empresariais, chamado “Mentoria como meio de apoio à evolução dos nossos funcionários” e também virei colunista no portal, apesar de estar publicando pouco lá.
Você pode conferir o artigo também nesse link.
Ajudei em um dos eventos mais fantásticos que eu já participei, o web sem barreiras. Nesse evento eu fui “mestre de cerimônia” e mandei uns rap fiz a apresentação do mesmo. O web sem barreiras é um evento incrível onde tive a oportunidade única de presenciar pessoas cegas e surdas palestrando. Isso foi demais! “Trocar de papel” e ouvir a pessoa interpretando (intérprete de libras) o que alguém dizia em sinais foi incrível.
Também apresentei outro evento fantástico, que inclusive ganhou um episódio no QuebraDev para conhecermos, o ABC-Dev 2018.
Como algumas pessoas já sabem eu não faço mais parte da organização ao ABC-Dev, mas fui convidado a apresentar novamente e esse ano teve uma das edições mais bonitas de todas. Com espaço para comunidades, muita diversidade na grade de palestrantes e inclusão de verdade.
Conheça o ABC-Dev: QuebraDev - [Politize-se] ABCDev e Diversidade.
Inclusive esse ano nasceu o QuebraDev, projeto que me fez refletir sobre pra quem eu estava gerando conteúdo, para quem eu estava fazendo minhas contribuições.
Apesar de eu buscar ajudar a periferia em tudo o que eu faço, levando uma linguagem mais acessível, pensando muito em cada palavra que vou colocar em um artigo, eu não havia me posicionado como alguém que está aqui pela periferia abertamente como eles fizeram. Então eles me inspiraram a espalhar em todo lugar qual é meu objetivo de vida: ajudar minorias!
E foi daí que veio a nova descrição do meu blog:
Carreira em programação, JavaScript, Nodejs, Performance Web, Git, GitHub, Linux, Open Source, mas também coisas realmente importantes como inclusão e diversidade - Vim da periferia pro mundo
Obrigado QuebraDev, pelo trabalho tão importante que vocês estão fazendo.
O QuebraDev é um podcast de origem periférica que surgiu com o objetivo de representar quem é de quebrada na área de tecnologia, além de tentar trazer para o cerne dessa profissão quem tem interesse em ingressar (priorizando o diálogo com quem é de quebrada).
Conheça o podcast aqui: QuebraDev - Sobre.
Reflexões pessoais e transformação
Com o passar dos tempos vim refletindo sobre as comunidades de desenvolvimento de software. Nesse tempo em que estou bem mais ativo conheci muita gente que está a frente de comunidades e pessoas que contribuem ativamente com open source em projetos que eu considero legais e a decepção foi grande.
Alguns projetos muito legais e que, quando vi, eram só fachada para conseguir um emprego que paga mais, para ter fama nas redes sociais ou só por vontade de aparecer mesmo.
Com base nessa reflexão eu acabei escrevendo alguns artigos para expressar o que eu estava pensando sobre o assunto:
- Eu não quero ser o próximo a criar uma biblioteca ou framework open source de sucesso
- A diferença entre ajudar comunidades, ganhar dinheiro com o mercado de educação e o marketing pessoal
- A verdadeira podridão
Essas reflexões foram os motivos pelos quais eu decidi me afastar de comunidades e me aproximar somente de pessoas que eu realmente conheço pessoalmente e sei que elas falam na internet o que realmente pensam e são. Não estão por aí vendendo uma imagem que não condiz com o que são.
Algumas pessoas inclusive me alertaram para deixar de falar o que eu falo sobre comunidades e pessoas (devs estrelas) que delas participam aqui nos meus textos e nas redes sociais, pois isso poderia “me queimar” com os eventos - e queimou.
Mas isso, pra mim, não faz sentido. Fingir ser outro indivíduo para agradar pessoas que passam pano em situações de preconceito, para pessoas que são abertamente babacas (Não seja um(a) babaca de comunidade), pra mim, é desonesto.
Eu penso assim: nós temos diversos amigos e amigas e essas pessoas podem ser muito legais ou muito escrotas (ou só um pouco escrotas também) e, independente do nosso grau de amizade, são indivíduos que podem aprender algo conosco e não devemos ficar ali puxando sardinha pra defender/esconder seus erros.
Nós, como amigos mais próximos desses indivíduos, deveríamos dar as “broncas” mais pesadas neles ou nelas. Se nós queremos o bem de alguém, não devemos ficar defendendo o que elas fazem de errado, mas ajudar elas a pararem de cometer erros.
Claro que nem sempre temos esse poder de transformação. A pessoa também precisa estar aberta para mudar. Mas passar o pano já é algo que eu não acho legal.
Com o tempo, as tretas e a responsabilidade que é contribuir ativamente em uma comunidade (no caso o Training Center), a bomba estourou e eu precisei me afastar de uma vez para não ser pior.
Coloquei todos os detalhes sobre isso neste artigo: Uma mudança necessária.
Errei, errei de novo, errei bastante
Mas, apesar de tudo o que rolou, eu reconheço que agi errado muitas vezes esse ano e todos esses erros me ensinaram muito. Aprendi, principalmente, sobre não cobrar de outras pessoas o que nós pensamos de nós mesmos.
Toda essa questão levantada acima me levou a virar um caçador de pessoas que estão ganhando fama em cima das comunidades. O que é totalmente errado, pois quem sou eu pra julgar alguém? Eu estava usando os meus parâmetros para reclamar dessas pessoas, mas isso não faz sentido.
No meio do ano houve uma treta bem grande, que até agora não teve posicionamento oficial dos envolvidos sobre o caso e, por mais que eu fique bem incomodado com isso, tudo bem. As pessoas têm o direito de não querer se envolver em discussões ou de preservar sua base de fãs dessa maneira. Eu não posso pedir que todo mundo faça o que eu faria.
Todos nós somos seres com pensamentos, experiências, contextos diferentes. Graças às experiências que passei na minha vida eu mudei minha maneira de pensar e agir, mas só quem passou por isso foi eu. Não posso achar que, em uma situação de crise, as pessoas ajam da mesma maneira.
Por conta dessas cobranças eu fui até chamado de egocêntrico em grupos por aí e inclusive essa também é uma atitude que eu comecei a mudar: ao invés de reclamar das pessoas em redes sociais e/ou grupos onde essa pessoa talvez nunca veja, eu comecei a mandar mensagem diretamente para as pessoas.
Isso porque, por mais que as pessoas tenham muita experiência profissional, sejam adultas e contribuam em mil projetos, elas podem ou não ter maturidade para entender uma crítica. Quando falamos dessa pessoa em uma rede social o que acontece é uma exposição e ela entra no comportamento defensivo, não no reflexivo.
Se queremos realmente uma mudança positiva na vida de alguém, devemos evitar a exposição à toa, somente para alimentar nosso ego ao mostrar que a pessoa errou, e conversar direto com ela para que realmente consigamos ensinar algo.
Claro que existem pessoas que não aceitam críticas de maneira alguma, seja pessoalmente ou online, e, nesse caso, aprendi a me afastar e deixar que elas vivam a experiência delas.
Até esse ano eu ficaria discutindo com a pessoa e até me exaltando para tentar mostrar um ponto errado. Não devemos fazer isso. Devemos deixar que as pessoas pensem sobre o que falamos no tempo delas. Uma mudança pode acontecer hoje, graças aos nossos conselhos, ou só daqui a 10 anos e não tem como interferirmos tanto assim. Não temos tantos poderes.
Artigos mais legais
Fora todo esse aprendizado, postei alguns textos que eu já vinha produzindo havia algum tempo e demorei pra postar porque estava perdendo meu tempo em tretas de internet. Podemos perceber isso ao entrar no meu arquivo e perceber que no segundo semestre, em dois meses eu postei quase a mesma coisa que no primeiro semestre inteiro: 18 artigos no primeiro semestre e 12 de outubro até hoje.
Os artigos que eu mais gostei de publicar foram:
- O processo seletivo perfeito (ou quase) para pessoas desenvolvedoras de software
- Diário de bordo: controlando a ansiedade, revisando atitudes e melhorando o auto conhecimento
- Pare de procurar conteúdo e comece a praticar! Você pode estar bloqueado(a) pela paralisia por análise
- Empresas que contratam pessoas desenvolvedoras de software acima dos 40 anos
- Criando nosso plano de carreira e assumindo o controle do nosso futuro profissional
- Criando nosso plano de carreira no Trello
Canal no YouTube
Voltei a postar vídeos no YouTube, então corre se inscrever lá!
Já temos vídeos sobre carreira e algumas lives que rolaram por lá.
Esse será um dos projetos que vou tocar com mais atenção ano que vem, então fica de olho por lá e ativa o sininho da maldade na plataforma.
Novo tema para o blog
Eu mudei o tema do meu blog e, além disso, a ferramenta que eu utilizo para gerar ele.
Meu blog é um site estático gerado pelo Jekyll, hospedado no GitHub Pages e utiliza o Dunders como scaffolding.
Inclusive, se você encontrar um bug, pode me abrir uma issue neste repositório: woliveiras/woliveiras.github.io.
Se você gosta do meu conteúdo, não esqueça de contribuir via Apoia.se: Apoia.se: William Oliveira.
Conclusão
Esse ano foi extremamente produtivo para mim e eu consegui ter uma auto reflexão bem legal. Espero que pra você tenha sido um ciclo produtivo também.
Para o ano que vem vou focar muito no meu conteúdo, então não de me seguir no Twitter (@1ilhas) para receber minhas novidades!