· comunidades  · 5 min read

Não desanime das comunidades de programação

Muita gente abandona as comunidades de programação por causa do comportamento tóxico de algumas pessoas. Hoje eu estou aqui para te pedir que não desanime.

Muita gente abandona as comunidades de programação por causa do comportamento tóxico de algumas pessoas. Hoje eu estou aqui para te pedir que não desanime.

Eu amo comunidades e acredito que sempre vou gostar, mas hoje eu não participo de nenhuma. Minha saúde mental e minha energia melhoraram muito depois que eu parei de frequentar os canais do Slack, servers no Discords ou grupos no Telegram. Até mesmo meu conteúdo melhorou para as pessoas que me seguem.

Já ministrei palestras, dei aulas, ajudei eventos, criei eventos, participei e fundei comunidades, além de gerar conteúdo e prestar mentoria. Isso tudo é muito legal. Mas sempre tem uma parte boa e uma ruim em interagir com muitas pessoas.

Compartilho aqui uma reflexão pessoal sobre o comportamento humano dentro de movimentos sociais e no final deixo para você um pedido especial. Vamos passar um pouco pelo que eu vivi e chegaremos a conclusão do que eu aprendi até aqui.

A “parte ruim” de me afastar de comunidades

Muita gente que se dizia super amigo, que estava aqui para qualquer momento, simplesmente sumiu. - Puff!

Durante a construção do Training Center eu fiz muitos desses “amigos” que realmente estavam em todos os eventos, todos os canais de comunicação e sempre que eu puxava alguma live no meu canal, eram convidados por eu realmente gostar de fazer amigos e amigas nas comunidades.

Apareceram algumas outras comunidades durante o tempo em que eu estava a frente do projeto e eu, inclusive, fui convidado para palestrar em várias. Isso é muito legal!

Depois, com a criação do perifaCode muita gente veio até mim por se enxergar na comunidade e curtir a minha ideia de unir pessoas periféricas em um grupo a favor da inclusão social e profissionalização dos guetos sociais.

O “engraçado” foi depois que eu precisei parar com as comunidades.

Fui me afastando aos poucos, pois percebia que as pessoas estavam muito engajadas em disseminar hypes, estimular comportamento de manada para criticar alguém nas redes sociais ou, sei lá, reclamar que tá complicado viver na Vila Mariana. Isso me sugava e eu realmente precisei até mesmo deixar de seguir pessoas que eu admirava bastante no começo de suas ascensões na internet.

O mais interessante do comportamento humano são pessoas que se aproximaram de mim até mesmo presencialmente por termos projetos similares, logo depois me atacando nas redes sociais. Parece que foi esquecido para quê estamos na internet, o porquê dos nossos movimentos existirem.

”O ser humano é realmente um bicho estranho”

Oliveira, Uillaz; 2020.

E esse tipo de comportamento é bem comum nas redes sociais, como podemos aprender no episódio do Naruhodo: por que expressamos tanta raiva nas redes sociais?. As pessoas não fazem por mal, é algo estimulado pelas gigantes da tecnologia.

Em 2019 passei por crises pesadas no emprego, burnout, depressão, final de um relacionamento de 10 anos, me reconheci como bissexual e onde estavam essas pessoas? Provavelmente fazendo shit posting no Twitter ou procurando o próximo assunto da moda para criar conteúdo e continuar sendo assunto.

Acredito que o meu maior aprendizado com tudo isso foi o fato de que algumas pessoas realmente querem amizades nas comunidades de programação, mas outras só querem aproveitar um pouco da sua energia ou da sua ansiedade (falei um pouco sobre isso quando critico as comunidades no texto a verdadeira podridão e no a diferença entre ajudar comunidades, ganhar dinheiro e o marketing pessoal).

Elas nem percebem o seu ego inflando junto com a quantidade de likes.

O mais importante desse aprendizado é que as comunidades são diversas. Tem pessoas que só querem seus 15 minutos de fama e tem pessoas que você vai levar pro resto da vida. Que tipo de pessoa você quer ser?

Não desista das comunidades de programação

Por mais que esses ambientes, que eram para serem acolhedores, possam ter pessoas egocêntrica fazendo barulho e destilando a falta de empatia, o mais importante é focar e se aproximar das pessoas que querem o seu bem e o da comunidade.

Participo de comunidades desde 2007 e garanto para você depois desse tempo aprendendo é que pessoas que não estão aqui por uma razão maior ou pelo sentimento de coletividade aparecem, ganham fama e somem. Mas as que querem o bem do coletivo vão permanecer ali (ou em outro espaço) até seus últimos dias.

Você precisa praticar uma seleção crítica das pessoas que você vai seguir nas redes sociais, se aproximar e até mesmo fazer amizade. Lembre-se sempre que as pessoas podem te colocar pra cima ou te derrubar sem querer. Seguindo pessoas com um comportamento tóxico, a tendência é naturalizarmos a toxicidade e até começar a agir igual.

Procure conhecer pessoas que aprenderam a praticar a empatia, que te acolhem e ajudam em suas crises. Afaste-se daquelas que só criticam tudo, reclamam o dia inteiro e não importa o momento, tem algo ruim para falar sobre qualquer coisa envolvendo o trabalho dos outros. Essas pessoas sugam sua energia.

Parece papo de coach, mas é só a realidade da vida. Só aceitamos essas coisas chegando nos 30.

Existem iniciativas muito legais em grupos de programação. Participe, apoie, compartilhe, mas não se torne aquela pessoa que afasta as demais do movimento social que deveria rolar ali.

Sempre revise suas atitudes no final do dia e pense se daria para fazer algo melhor do que foi feito.

Não desanime das comunidades de programação, nós estamos aqui para acolher, ensinar e aprender.

Photo by Clay Banks on Unsplash

Back to Blog

Related Posts

View All Posts »

Participação especial no CollabCode

Participei de uma live no canal do CollabCode conversando sobre o dia a dia da pessoa desenvolvedora frontend e também sobre meu livro O universo da programação.