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Não seja um(a) babaca de comunidade

Aconteça o que acontecer, procure ter empatia, seja cuidadoso(a) com suas palavras e não seja um(a) babaca de comunidade, como alguns que vemos por aí.

Eu posso dizer que se não fossem as comunidades de desenvolvimento de software eu nunca teria alcançado as coisas que alcancei em tão pouco tempo, porém eu também já fui um babaca.

Senta que lá vem textão.

Há algum tempo eu escrevi esse artigo, porém não enxergava mais necessidade de postar, pois estou tão imerso no Training Center que esqueci o que acontece no mundão das comunidades afora.

O submundo das comunidades

Eu aprendi muito e muito rápido graças as dicas de pessoas que estão por ai fazendo o bem para os outros nas comunidades pela internet afora. Essas pessoas tiraram barreiras da minha frente, foram como mentores(as) pra mim. Eu poderia até citar os nomes aqui, porém não me recordaria de todos os que me ajudaram, então é melhor não fazer isso.

Só que por trás de tudo o que é bom e agrupa muita gente sempre existem as pessoas que não estão ali para agregar, mas para gastar seu tempo na internet, gente que só quer inflar seu ego ou mesmo aquelas que querem ajudar, mas não sabem se expressar de forma menos rude ou mesmo não tem empatia.

O Filipe Deschamps fez um vídeo excelente com 10 coisas que todo desenvolvedor babaca fala, da uma conferida:

Assim como ele diz no vídeo: o meu objetivo com esse texto não é ofender alguém que tenha as más atitudes que eu vou citar, mas sim para que nos avaliemos antes de sair escrevendo qualquer coisa em comentários pelas comunidades afora.

Eu continuo errando bastante, acho que ninguém nunca para de errar na vida, porém podemos nos policiar pra que alguns erros não tornem a acontecer.

Não basta ser babaca, tem que demonstrar.

Não é raro encontrarmos uma pergunta muito “simples” de ser respondida usando o Google e alguém utilizar o lmgtfy pra responder quem postou a questão no forum/grupo/chat. — Por favor não faça isso.

Tá! Pode usar com conhecidos(as) pela zoeira, mas nunca com pessoas que você não conhece, não sabe quais são as dificuldades delas ou que não tenha intimidade o suficiente para zoar com algo sério.

Não se esqueça: a dúvida de alguém na comunidade é sempre séria a não ser que a pessoa diga que não é.

Só por que você tem seus 10+ anos de carreira e participa da comunidade a doze décadas você não tem o direito de invalidar a dúvida de alguém. Você nunca terá esse direito. Só a outra pessoa é quem sabe quais são suas dificuldades.

Você nunca fez perguntas “bobas”?

Quando iniciamos na área, não sabemos nem O QUE pesquisar na internet. As vezes a resposta está a uma mensagem de erro de ser resolvida, mas estamos tão imersos no problema e achamos que é incompetência nossa que nem lemos o erro na nossa cara. Simplesmente saímos procurando onde foi que fizemos a m***a. — Isso acontece com quem já tem anos de XP, quanto mais com alguém que está começando.

Nenhuma pergunta é ruim… A pessoa tentou se expressar. Se ela não soube se expressar direito, por qual motivo você não ajuda ela a extrair mais informações do seu problema e formular melhor o seu tópico?

Você, membro de comunidade, não está ali só para usar e abusar da comunidade, você está ali para fazer alguma coisa também.

Você precisa se mexer. Não é só ficar reclamando de moderadores(as) e não ajudar em nada. Se a pessoa não se expressou bem, ajude-a a se expressar melhor.

Quando alguém fizer uma pergunta muito simples, como perguntar “O que é Nodejs” numa comunidade de Nodejs, pare, respire e pense antes de fazer uma babaquice.

A palavra da vez deve ser: empatia.

Você pode fazer seu papel de pessoa da comunidade, membro de uma sociedade que pensa, e perguntar:

  • você já pesquisou algo sobre o assunto?
  • por qual motivo você busca saber o que é x?
  • é seu primeiro contato com desenvolvimento de software?

Não saia julgando ninguém logo de cara.

Mas as pessoas são preguiçosas

São!

Mas não cabe a você presumir que uma pergunta má formulada ou uma pergunta muito simples está descrita assim ou está no forum por preguiça de formular ou pesquisar.

Claro que existe um problema na minha premissa: a pessoa pode realmente nem ter pesquisado no Google sobre aquele problema antes de já sair perguntando na comunidade. Porém, como saber se isso realmente aconteceu?

Assuma que, quando a pessoa perguntou, ela está buscando ajuda e é só isso que você precisa fazer: ajudar. Não julgar.

Ensine a pessoa sobre o que pesquisar, não é só dizer que “é só pesquisar no Google” ou “Google”.

Ainda sobre respostas nos tópicos

Quando eu comecei na área de desenvolvimento eu entrei em diversos grupos de programação. Sério. Todo grupo de programação eu estava lá… PHP, Ruby, Python, Java, C#. Todos!

Certo dia eu fui em vários grupos e levantei a seguinte questão:

Como faço para me tornar um desenvolvedor X —Onde X pode ser PHP, Ruby, Java, Python, C#, C e JavaScript.

Eu fiz isso para levantar o máximo de informações para me ajudar a estruturar o que eu iria estudar nos próximos meses até conseguir arrumar um emprego na área.

Algumas respostas foram entristecedoras. Eu não tenho o link das respostas, pois era em grupos do Orkut. — Sim existiam grupos de programação no Orkut.

Mas eu me lembro que tiveram pessoas que realmente quiseram me ajudar… Essas pessoas perguntaram pra mim o por que eu estava fazendo essa pergunta (e não foi só em um grupo). As pessoas me ajudaram e graças a isso estou aqui hoje, sendo reconhecido em um grande portal da nossa área — o que me deixou tão feliz que quis colocar aqui neste post — , Mentorando pessoas para que elas também se tornem devs e muito mais.

Quer saber mais sobre minha história com comunidades? Escuta esse podcast aqui:

Imagem da caneca do iMasters em comemoração ao 7Masters de Git e GitHub

Eu não cheguei até aqui graças a gente que responde com link de deixe-me usar o Google por você ou que responde babaquice em perguntas nas comunidades. Se eu fosse você, pensava um pouco melhor no que faz na internet, pois você só está perdendo seu tempo.

Enquanto alguns gastavam seu tempo respondendo babaquices eu gastava o meu estudando.

Se X você não é programador(a)

  • se você usa Windows, você não é programador(a)
  • se você não tem conta no GitHub você não é programador(a)
  • se você não é fluente em inglês, você não é programador(a)
  • se você não faz xyz, você não é programador(a)

O maior problema nessas frases não são suas falácias, mas no fato de que queremos que outra pessoa seja um espelho do que nós somos e se ela não for então ela não presta ou não é tão boa quanto nós achamos que somos.

Quem disse que você é tão master assim só por espalhar estereótipos na internet?

Será mesmo que por usar Linux você tem melhor capacidade de raciocínio lógico, conhece mais design patterns, manja mais de arquitetura de software, ciência da computação e engenharia do que outras pessoas ou você só é mais uma bolacha no pacote que se acha a última?

Se você só quer que a outra pessoa se esforce para ser melhor no que faz, entenda que cada pessoa tem seu tempo, suas limitações e todas as pessoas precisam de acolhimento para só então mudar suas vidas. Dividir elas em grupos de ruins e bons por causa de uma coisa boba não ajuda ninguém.

Falar coisas como esses exemplos não faz com que as pessoas continuem se esforçando para serem melhores, só as coloca para baixo se sentindo mal e ainda pode ajudar a aparecer a famosa síndrome do impostor.

Leia: Síndrome do Impostor.

Comunicação não violenta

Se você realmente quer ajudar alguém a melhorar, precisa aprender a se comunicar.

Aposto que durante esse artigo mesmo alguém deve estar pensando em um comentário bem legal pra me xingar, mas que tal ouvir este cast antes disso?

Ouça o podcast da Lambda3 sobre comunicação não violenta:

Tratar as mulheres como limitadas ou ser inconveniente quando elas fazem perguntas

É engraçado ver como alguns homens acham que o simples fato de a pessoa ser mulher a torna limitada na nossa área. Também é engraçado ver que o fato de ter mulheres ali faz com que a comunidade se torne um Tinder.

As vezes aparecem as perguntas muito bem formuladas com exemplos do que a pessoa fez, o que essa pessoa pesquisou e deu errado e mesmo assim algum homem aparace lá para refazer todos os passos com ela deixando a dúvida: será que ele acha que ela é burra ou será que ele não acredita que ela realmente fez o que diz ter feito?

Fica a dúvida.

Outra coisa que eu já vi acontecer é a mulher fazer uma pergunta e alguém comentar algo do tipo: “nossa como você é linda, não acredito que trabalha com programação”.

O respeito em comunidades não é só de homens para homens.

Que tal cair na real de que não é por causa da sua genital que você ganha mais direitos que as outras pessoas dentro de um grupo e não deve sair por ai dizendo o que bem quiser?

A internet conecta um mundo inteiro, saia do seu mundinho

Aparentemente é muito legal chegar lá e zoar a pessoa que perguntou, porém estamos no MUNDO da internet.

Você já parou pra pensar que pode estar zoando alguém com problemas psicológicos que dificultam ela entender um tema e por isso ela manda essa pergunta “tão simples” na comunidade?

Vamos revisar alguns:

  • Dislexia
  • Autismo
  • TDAH
  • Depressão
  • Ansiedade
  • Transtorno Afetivo Bipolar
  • Transtorno opositor

E tem mais.

Não só por isso, não se esqueça que o mundo do desenvolvimento de software é muito pequeno. Eu não gostaria de trabalhar com certos babacas de comunidade e não recomendaria em meu emprego, nem lascando.

#SoNaoSejaBabaca

Conclusão

Este post aqui é só um apelo ao pensamento auto crítico. Se analise um pouco e pense muito bem antes de dizer certas coisas na internet.

Leia: Você sabe usar a autocrítica em seu favor?

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