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Como se manter atualizado sem o Medium
A liberdade de consumir conteúdo deve ser preservada. A cultura livre tem o poder transformador de educar e evoluir a sociedade.
Até o final do ano passado eu curtia muito a plataforma Medium.com. Acredito ser uma ótima ferramenta de publicação em grupo, pois facilita bastante a publicação de artigos, a edição é muito simples e o artigo, uma vez publicado para uma organização, como no caso do Training Center continua sendo seu. Você pode remover o artigo quando quiser, deixando você livre para remover o seu trabalho de lá caso sinta que a organização não é o que você imaginava ou caso a organização desvirtue com o tempo.
Essa liberdade e senso de dono do seu produto (o conteúdo que você gera) é algo importante pra mim, pois a pessoa contribui com uma organização por realmente saber que isso está ajudando outras pessoas. Quem publica artigos no Training Center sabe que aqueles textos estão ajudando alguém e por isso não removem de lá. Essa confiança é algo extremamente importante quando falamos de comunidades e é construída organicamente com essa liberdade.
Mas o Medium não deixa de ser uma plataforma comercial e, como toda plataforma comercial, uma hora ele começa a fechar as portas para usuários gratuitos e começa a forçar a licença de uso (pagar para ler, neste caso), e não é a mesma coisa que um livro, um vídeo ou algo do tipo, em que outra pessoa pode baixar e te passar o conteúdo “de alguma maneira”, tudo vai ficar ali, preso dentro da plataforma.
Até aí tudo bem. É uma plataforma de publicações, onde as pessoas podem ganhar dinheiro publicando textos (e merecem/precisam disso), o grande problema é a maneira como Medium, Facebook, Google e afins utilizam seus poderes para manipular o público. Nós perdemos a liberdade de realmente saber e escolher o que estamos consumindo para então consumir primariamente o conteúdo pago. Não acho isso legal. Mais uma vez eu reforço que entendo bem como uma empresa funciona e o modelo de negócios que precisa ser sustentado, mas nós não precisamos fazer parte disso. Podemos escolher o que realmente queremos consumir e é isso que vamos aprender neste artigo.
A internet é o poder
A internet nos empodera. Seja para o bem ou para o mal. Nós podemos criar um blog facilmente e sair colocando nossas idéias lá e compartilhar nossos valores com outras pessoas, as incentivar a fazer algo junto conosco. Não dependemos de nenhuma plataforma para isso, apesar de ser muito mais fácil criar uma conta no Medium ou no LinkedIn, escrever um artigo e ganhar várias palminhas e likes.
Não quero declarar uma guerra contra o Medium. Eu ainda continuo utilizando o serviço, compartilhando meus artigos no Training Center e também dando minhas palminhas para os escritores e escritoras que utilizam a plataforma. Desejo te incentivar a utilizar o poder que a internet nos dá ao seu favor.
Internet é liberdade e as empresas estão transformando uma das melhores coisas que o ser humano inventou em uma ilha, onde ficamos presos dentro do que eles dizem ser melhor para nossa rede 3G, para nosso dia, para facilitar nossa vida, mas tem que ser dentro do seu domínio, com suas regras (que normalmente são bem embasadas, alías), como o AMP do Google.
Através de leitores de feeds RSS, método antigo que existe para consumirmos o conteúdo de canais que seguimos, podemos nos empoderar novamente. O RSS existe para agregar conteúdo e utilizamos leitores para ler este conteúdo. Foi inventado por um ativista do conteúdo livre, Aaron Swartz, também co-autor do Markdown e de diversas iniciativas legais de conteúdo livre.
Como funciona o RSS feed
Quando eu publico um artigo neste blog, temos o arquivo feed.xml atualizado com o conteúdo do texto. Para receber este conteúdo você vai precisar de um agregador de RSS. O seu agregador de conteúdo poderá ler isso e baixar o artigo para você ler, seja fora do meu domínio (woliveiras.com.br) ou para que você acesse o meu site na íntegra.
Isso garante que você estará lendo o que você realmente deseja ler baseado realmente nos seus objetivos e suas vontades de verdade.
Utilizando o agregador de feeds para acompanhar um blog
Para utilizar um agregador, tudo o que você vai precisar é do app do agregador e do domínio do blog que você deseja acompanhar.
Eu gosto de utilizar o Feedly, que tem um app maneiro para celular e funciona muito bem. Outra opção muito recomendada é o Flipboard. Você ainda pode salvar conteúdo para ler depois com o Pocket ou utilizando a extensão send to Kindle.
Todos os agregadores são muito parecidos e muito simples, afinal sua utilização é bem básica: ler texto.
Você não se prenderá a um leitor, pois caso precise/queira trocar, basta exportar o arquivo de URLs que você segue, normalmente um botão de “export” mesmo, e importar no outro app.
Utilizando newsletters para acompanhar o conteúdo
Newsletter é uma coisa que parece ainda mais antiga do que o RSS e eu fico parecendo querer fugir das corporações (é quase isso mesmo), mas é outra opção muito interessante.
Através desse modelo, podemos assinar o conteúdo que queremos receber e ele vem para o nosso email.
Hoje eu recebo as atualizações sobre EcmaScript, MongoDB, React, GraphQL, Linux e muito mais, tudo no meu email e eu sei que aquilo foi curado por uma pessoa que quer que eu leia o que ela consumiu, não que o um algoritmo quer me vender.
Onde escrever meus artigos
Caso você queira escrever artigos, uma ótima opção é fazer como este blog. Eu utilizo JAMstack, meu conteúdo e todos os arquivos do blog estão hospedados no GitHub e utilizo Netlify para compilar os estáticos e enviar para o CDN. Ainda podemos aproveitar que os domínios .dev estão liberados, criar um nome de blog bem maneiro e depois utilizar junto ao GitHub Pages.
Assim nosso conteúdo continua livre, o código é open source e a licença de uso é você quem escolhe (de preferência Creative Commons, para que outras pessoas possam utilizar o conteúdo).
Como contribuir/retribuir com blogs que não estão no Medium
O Medium possui um excelente esquema de recompensas, onde sabemos se um artigo está atingindo as pessoas pela quantidade de palminhas que recebemos. Isso por si já é recompensador pelo nosso trabalho.
Em blogs desenvolvidos por conta própria, como nos modelos que comentei acima, não é tão difícil assim retribuir pelo trabalho do autor ou autora dos artigos, seja apoio pelo conteúdo ou seja o apoio financeiro.
Podemos fazer:
- um comentário no artigo, dizendo o quanto aquilo nos ajudou
- compartilhar o artigo nas redes sociais e grupos que participamos
- marcar o autor ou autora nas redes sociais agradecendo pelo seu trabalho
- contribuir mensalmente aqueles que possuem ferramentas de apoio coletivo
- avisar quando a pessoa deixou algum erro de ortografia
E muito mais! Podemos usar nossa criatividade para pensar na melhor maneira de contribuir com essas pessoas.
Sobre o apoio coletivo mensal, existem opções de doarmos 5 reais para a pessoa, por mês, e isso já é um mega incentivo.
Se você quiser contribuir com o meu trabalho, por exemplo, pode fazer isso via Apoia.se, neste link Apoia.se/william-oliveira.
O meu blog, assim como de algumas outras pessoas nas comunidades, é open source. Você pode corrigir o erro diretamente no artigo que você encontrou e enviar um pull request. É uma ajuda ainda maior e nós aceitamos de muito bom grado. Se encontrar algum erro, não se acanhe, envia o PR aqui woliveiras.github.io/.
Conclusão
Eu entendo a necessidade de utilização do paywall (modelo em que alguém não consegue ler o conteúdo se não liberar com a sua conta de usuário com assinatura do site) para manutenção de alguns modelos de negócios, mas acredito que poderia ser feito de algum outro modo que não restringe o acesso à informação.
Com o leitor de RSS, agora basta adicionar as URLs de sites que você gostaria de receber o conteúdo e agora retomar o controle daquilo que você está consumindo na internet. Siga o máximo de conteúdo relevante possível e receba só aquilo que você realmente gostaria de receber, consuma o conteúdo livre e compartilhe também (enquanto ainda conseguimos).
Já coloca o meu blog no seu RSS! ;D
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