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Assumindo o papel de protagonista em nossa aprendizagem

Nos conhecer melhor pode nos ajudar a aprender mais. Tomar as rédeas dos nossos estudos pode mudar o rumo da nossa vida.

Todo mundo tem o dom de aprender por si só. Normalmente você aprende por conta própria quando é criança, em sua primeira infância. Época em que você não tinha medo de tentar/falhar.

Entenda: Primeira Infância

Mas o medo nos limita demais e, infelizmente, o modelo social em que vivemos proporciona mais medo, incertezas e muitas barreiras graças aos seus “padrões sociais”.

Essas barreiras e limitações chegam também a nossa capacidade de aprendizado, como eu falei neste outro artigo: Por que você desistiu de ser cientista?.

E por isso somos levados(as) pela onda do método de ensino que recebemos nas escolas tradicionais onde temos uma pessoa protagonizando o papel de transmissor(a) de conteúdo e você como receptor(a). E assim a vida vai seguindo desde o primeiro ano do pré escolar até a educação superior.

Só que isso não precisa e nem deveria mais ser sempre assim.

O protagonismo da aprendizagem em nossa infância

As primeiras pessoas a protagonizarem o triste papel de travar nossas mentes no papel de compartilhadores(as) são professores(as) e administradores(as) do pré escolar que seguem um modelo arcaico de ensino que já nem deveria mais ser utilizado em salas de aulas, pois existem outros métodos baseados em exploração e auto gestão do conhecimento que são muito melhores.

Conheça o método Montessori.

Essas pessoas já começam a nos colocar em um padrão social onde: você vai entrar em uma salinha, vai ouvir uma pessoa que está lá na frente e detem todo o conhecimento e em seguida fazer tudo o que ela mandar.

Quem aqui nunca achou que professores(as) não podem errar?

Isso acontece porque crescemos acreditando que essas pessoas, lá na frente, sabem tudo e dominam as artes ocultas da busca por conhecimento e por isso estão sempre lá na frente.

Você consegue lembrar um pouco (nem que seja bem pouco) da sua infância e identificar problemas nos modelos de ensino utilizados hoje em dia?

A criança cresce pensando que para aprender é preciso:

  • um(a) pessoa que detem conhecimento
  • uma grade de estudos pré definida por quem detem o conhecimento
  • avaliações para “confirmar” se ela aprendeu

O problema neste método de aprendizagem é que o protagonismo está invertido.

A criança está aprendendo?

Provável, porém ela não está sendo protagonista de seu aprendizado e muito menos aproveitando tudo o que ela poderia aprender se ela fosse, de fato, o foco dentro da sala.

Alguém está com o papel mais importante na sala e é a pessoa ali na frente, só que a pessoa mais importante mesmo é quem está ali para aprender. A criança deveria ser estimulada a procurar, mexer, errar, ensinar e com isso, aprender de verdade.

Sem regras, sem padrões pré definidos, como se todo mundo aprendesse igual, no mesmo ritmo, do mesmo jeito.

As pessoas crescem passando pelas mesmas etapas na vida e quando chegam em certa idade umas aprenderam muito mais que as outras, mesmo alguns tendo as mesmas capacidades.

O protagonismo no aprendizado pós primeira infância

Como crescemos aprendendo que é necessário um(a) dententor(a) de conhecimento transmitindo o que precisamos aprender e até mesmo criando a grade de estudos do que precisamos aprender, quando chegamos em nossa adolescência e vida adulta é a mesma coisa.

Mesmo quando terminamos a escola e vamos buscar uma profissão, logo pensamos: que curso eu tenho que fazer pra trabalhar com X?

Isso acontece porque estamos enviesados(as) a imaginar que pra aprender precisamos que alguém explique o que precisamos aprender e pronto.

Não temos a prática de ir atrás do conhecimento por conta própria.

Tudo bem precisar de alguém para aprender, isso não é ruim. As vezes não temos tempo para absorver um assunto mais denso e alguém já compilou esse conhecimento pra gente e isso é ótimo no ritmo intenso que levamos nossas vidas hoje em dia.

Claro que existem ótimos cursos que estimulam seu aprendizado com as mais conhecidas técnicas de aprendizado já pesquisado pela área de psicologia, mas, a grande maioria não estimula sua capacidade de buscar por si só. O curso existe ali simplesmente porque teve mercado e alguém foi explorar esse mercado.

O que é protagonizar nosso próprio aprendizado

Assumir as rédeas do aprendizado não é fácil. É uma quebra de paradigma muito grande por já estarmos acostumados(as) com o modelo atual. Porém não é impossível.

Quando temos um professor ou professora lá na frente ensinando, qual foi o grande trabalho dessa pessoa(além de fazer faculdades e cursos da área que ensina)?

Foi: montar tópicos que devem ser aprendidos sobre o assunto ao qual ela ministra a aula, organizar esses tópicos em um fluxo lógico, aprender o máximo possível sobre esses tópicos, buscar referências que reafirmem o que será ensinado e, enfim, ensinar.

Isso é o que você deveria conseguir fazer sozinho(a) quando quer aprender algo novo, mas não tem o hábito ou, por conta da falta de hábito, tem preguiça(não existe problema em ter preguiça, você pode, sim, sentir isso).

Usando a internet e a tecnologia como ferramenta de aprendizagem

Você, que agora sabe o que fazer pra tomar as rédeas do seu aprendizado, pode usar essa ferramenta maravilhosa, que é a internet, pra aprender.

Temos quase tudo o que precisamos pra adquirir conhecimento na internet e na tecnologia.

Se você quer conhecer algo, basta dar uma Googlada. Se você quer aprender chegar em um lugar, basta usar um Waze. Se você quer aprender outro idioma, temos ferramentas para isso.

Enfim, tudo o que precisamos está aqui, vamos aprender a usar.

O que você vai precisar aprender é estruturar o que precisa aprender, criar um fluxo lógico, estudar muito e compartilhar o que você aprendeu. Isso, além de estimulante e motivacional, democratiza o acesso a informaçãoe viabiliza que outras pessoas assumam o protagonismo do seu aprendizado.

Pra não ficar só em minhas palavras, da uma olhada no método de estudos mais fantástico que existe: O método Feynman.

Como estruturar o conteúdo

Antes mesmo de começar a estudar conteúdo você deve estruturar seu raciocínio e os tópicos que vai aprender.

Pegue um assunto que deseja aprender, busque o máximo de informações SOBRE esse assunto. Você vai perceber um padrão de informações que se repetem dentro de o que é isso. Tudo o que for repetitivo entre fontes de conteúdo é o que você deve focar de começo. Tudo o que não for repetitivo entre as fontes você pode estudar como tópico secundário sobre este assunto.

Algo que ajuda a montar esta estrutura é utilizar mapas mentais.

Com o mapa em mãos você consegue criar um fluxo do que vai estudar primeiro.

Como criar um fluxo lógico do que vou estudar

Com o mapa mental em mãos já será possível estudar. Porém pode ser bem útil, devido ao nosso hábito já enraizado de aprendizado, criar um fluxo lógico do que vai estudar.

Este fluxo lógico nada mais é do que uma grade do conteúdo. Começando do básico e subindo o nível gradualmente.

Algo importante nesse fluxo lógico deve ser a repetição espaçada. Repetir/relembrar um conteúdo que foi apresentado no começo dos estudos/do fluxo lógico.

Imagine o fluxo lógico como um índice de livro ou a grade de um curso mesmo. Você vai escrever sua própria grade de estudos. O curso agora é você quem faz.

Leia: Como alcançar os objetivos rapidamente nos estudos.

Validando nosso conhecimento

Como você deve ter visto no vídeo que compartilhei mais acima sobre a técnica Feynman, compartilhar o que você aprendeu é muito importante para melhor associação do conteúdo e forçar nossa mente a criar abstrações para o conteúdo. Isso faz com que aprendamos de verdade o assunto.

Explicar algo pra alguém com uma linguagem diferente da que você aprendeu é ter que ter aprendido de verdade. Tente explicar para uma pessoa de mais idade, que não saiba nada sobre sua área de atuação, o que você faz em seu trabalho. Você vai ver como é ter que abstrair algo.

Hoje a internet está aqui para facilitar a validação do nosso conhecimento. Você pode escrever um artigo na internet em um blog pessoal, em uma publicação e aguardar os feedback’s. Se você conseguiu transmitir o conhecimento de maneira mais abstrata você vai receber um feedback muito positivo, senão as pessoas irão perguntar pra você sobre aquilo e é aí que você vai ter que se esforçar cada vez mais pra conseguir explicar o conteúdo e vai aprendendo cada vez mais.

Por estar aprendendo algo você pode pensar: mas eu ainda estou aprendendo, eu não tenho o que compartilhar. Mas é isso! Compartilhe o que você está aprendendo.

Você, mais do que ninguém, vai saber falar exatamente a língua de quem também está aprendendo e, além de forçar o seu aprendizado, estará ajudando outra pessoa que também esteja buscando conteúdo na internet.

Aprendendo em grupo

O ser humano aprendeu que criar grupos o ajudaria a perpetuar sua espécie. Você, provavelmente, gosta de estar em grupo ou de fazer parte de alguma coisa.

Grupos de estudos podem ajudar a fortalecer ainda mais a parte de ensinar, compartilhar o que aprendeu.

Você pode formar grupos de estudos com o mesmo objetivo, discutirem juntos(as) o que será estudado, buscarem o máximo de informação, montar o mapa mental, o fluxo lógico e planejar um modelo onde todas as pessoas do grupo são forçadas a “dar a aula” ao menos uma vez por assunto.

Existem diversas maneiras de se organizar um grupo de estudos, o foco aqui é: as pessoa vão conseguir fazer coisas com mais agilidade se trabalharem juntas de maneira organizada em prol do aprendizado do grupo.

Conclusão

Até aqui chegamos em uma maneira mais interpessoal de se aprender que é a busca pelo conhecimento por conta própria, estruturação do que deve ser estudado e enfim estudar e compartilhar, depois dei a dica do grupo de estudos, que pode te ajudar a se motivar e ser mais ágil na busca por conhecimento.

Use tudo isso ao seu favor para aprender de verdade e não para decorar coisas para passar em provas e nunca mais lembrar do que foi feito.

Existe um compilado, muito bom, de como aprender a aprender que você pode usar como estrutura para reaprender a estudar: Aprendendo a aprender: ferramentas mentais poderosas para ajudá-lo a dominar assuntos difíceis (em Português) [Learning How to Learn].

Boa sorte em seu processo de reaprender a aprender. :)


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Compartilhe com sua rede de amigos e amigas e também com pessoas que podem ser impactadas com essas palavras, principalmente para professores e professoras de escolas públicas, onde os melhores métodos de ensino não chegam tão facilmente.

Juntos(as) podemos mudar a maneira como as próximas gerações irão aprender.

Valeu!

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