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Abandonando ou reduzindo o uso das redes sociais

Sobre o porquê estou abandonando as redes sociais. Pode ser um adeus ou um até logo, mas até agora tem sido muito bom.

Sobre o porquê estou abandonando as redes sociais. Pode ser um adeus ou um até logo, mas até agora tem sido muito bom.

Já faz algum tempo que percebi o quanto as redes sociais vem sendo prejudiciais no meu dia a dia. Isso não é por conta de tudo o que sabemos que elas causam, como o aumento da ansiedade, estresse e depressão.

Algum conteúdo que pode ilustrar melhor o que eu estou tentando elucidar nesse primeiro parágrafo de texto:

Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental, Super Interessante

Por que expressamos tanta raiva nas redes sociais?

A raiva constante que sentimos na internet nos torna humanos piores

É engraçado perceber que eu fiz muitas amizades por conta dessas mesmas redes que hoje vem destruindo a saúde mental das pessoas. Alguns desses amigos e amigas, inclusive, trabalham comigo hoje, são pessoas extremamente próximas e passaram de um coleguismo profissional para algo realmente pessoal.

Mas, com o tempo, percebemos que essas ferramentas digitais foram se transformando em verdadeiros ladrões de atenção e isso me incomodou quando comecei a perceber que estava me sentindo ocupado o tempo todo.

Essa sensação de ocupação vinha seguida de uma extrema improdutividade, fosse no trabalho formal ou nos meus projetos paralelos (e até na limpeza da casa). Então porquê esse sentimento de ocupação?

A realidade é que eu não me sentia ocupado, mas cansado. Nós não percebemos mas gastamos parte da nossa energia mental usando essas mídias que sugam a nossa atenção. Cada olhada no feed, cada micro interação que realizamos, acaba sendo um pouco da nossa energia que vai embora.

Isso não seria um problema se nós utilizássemos esses recursos com parcimônia, porém eles são programados especificamente para nos viciar e fazer sentir a necessidade de seu uso, assim como qualquer droga lícita faz. É o caso do álcool, assim como o tabaco.

E a indústria do vício é algo tão lucrativo que não é à toa que os homens mais ricos do mundo hoje são donos de empresas digitais, e ali no meio estão os donos das ferramentas viciantes que estão no seu bolso ou em cima da sua mesa neste momento.

Claro, assim como usar qualquer droga, se apreciado com moderação, pode ser utilizado normalmente, o fato é que nosso corpo não estava nem um pouco preparado para algo tão nocivo, de graça e tão acessível quanto as redes sociais e por isso é muito difícil controlar o impulso de utilizar as mídias o tempo todo.

Ainda assim, tudo bem, o uso das redes sociais pode ser algo empoderador. Movimentos sociais, ativismo digital, fonte de renda para pessoas de vários locais do mundo. Elas podem ser recursos extremamente úteis nas nossas mãos. E é por isso que este texto é simplesmente algo opinativo, pessoal, e com experimentos que eu fiz e uma tomada de decisão minha de me afastar por um tempo (ou enquanto eu puder viver sem) desses psicotrópicos poderosíssimos.

O afastamento das redes sociais

O primeiro experimento que eu fiz foi com o Twitter, uma vez que já não utilizava o Facebook com tanto engajamento. O Facebook virou um lugar tóxico com o ódio movimentando o seu algoritmo devido a quantidade de likes e compartilhamentos que acontecem nos posts de raiva. O teste consistia em deixar de seguir todo mundo e voltar a seguir pessoas que eu sentia falta no feed.

O que aconteceu é que a ferramenta traz tanto conteúdo similar que não senti falta de ninguém. Isso mostra como tem muita gente se achando especial nas redes sociais, mas não passa de mais um ou mais uma ali.

Conheci pessoas novas, as segui, voltei a seguir meus amigos e amigas, pois dessas pessoas eu realmente senti falta, mas algo ainda me faltava: conteúdo de qualidade. Por mais que o Twitter seja uma ótima ferramenta para me manter atualizado, de nada me servia uma vez que eu deixei o Feedly totalmente funcional para mim, como comentei neste artigo: Como se manter atualizado sem o Medium.

Até este momento, OK. Comecei a deixar o Twitter menos funcional para mim parando de seguir fontes de conteúdo relevantes e seguindo mais páginas de memes e coisas engraçadas. O que aconteceu foi que eu continuava com o impulso de abrir a rede social a todo instante para verificar se existia alguma novidade.

Bom, não tinha.

Com isso eu consegui reduzir o meu uso do Twitter de 30/50 minutos por dia (o que já é pouco considerando o uso médio de redes sociais) para 10 minutos. Afinal de contas eu abria, via que não tinha nada de mais e fechava o app.

Com o uso do Twitter reduzido e o do Facebook sendo nulo, veio a minha maior criptonita: O Instagram!

A usabilidade do Instagram é algo extremamente útil pra mim, uma vez que eu vejo coisas realmente atuais toda vez que abro o app. O Twitter, por mais que eu siga menos pessoas, faz com que o conteúdo que outras pessoas curtem ou compartilham apareça pra mim e eu não queria esse comportamento. Já o Instagram me trás muito mais conteúdo relevante, como dicas de finanças e outras coisas que acompanho relacionadas a qualidade de vida.

O que eu fiz para me verificar o que o não uso do Instagram faria comigo foi desinstalar o app do meu celular. Triste vida, uma vez que eu acabei de trocar de aparelho para um com uma câmera melhor e poderia compartilhar muito mais fotos dos gatos que moram comigo fazendo suas peripécias.

Passado uma semana sem as redes sociais no celular, fiz o teste de ficar um dia inteiro sem acessar nada, somente conteúdo de outras mídias. O uso do YouTube e WhatsApp ainda está liberado nessa desintoxicação e eu não sinto nenhuma necessidade de utilizar esses dois o tempo todo, então está tudo bem.

Hoje, no dia em que escrevo este texto, minha meta é ficar uma semana inteira sem redes sociais, mas também não sinto a necessidade de manter minhas contas ativas. Quero fazer o teste de também inativar tudo e ver o que acontece.

Não sou radical contra o uso das redes sociais. Pelo contrário, o uso consciente de recursos de internet empoderam muita gente e me colocaram onde estou hoje. Por isso, se eu sentir que devo voltar para essas comunidades, voltarei com moderação. Hoje me sinto muito bem sem elas e é sobre isso que vou comentar agora.

O que reduzir o uso das redes sociais fez comigo

Sou uma pessoa com ansiedade crônica e, desde 2019, descobri ainda a depressão. Redes sociais não são nem um pouco recomendadas para pessoas com essas doenças. Porém eu sempre acreditei que elas não estavam agravando o meu quadro. Engano meu.

Com apenas a redução do uso das redes sociais, me senti muito mais calmo, tive mais tempo para refletir e vivi menos estressado durante o dia. Você não percebe, mas depois que fecha aquele feed cheio de ódio, você é só mais uma pessoa com raiva ou apática na vida offline. Meus amigos sempre falaram que eu sou uma pessoa ansiosa demais e eu sempre fui mesmo, é a minha doença, uai. Só que o uso das redes sociais agrava demais o meu quadro e eu só percebi ao diminuir o consumo.

Aquela energia que eu perdia com as notícias, tweets, retweets, imagens e todo o conteúdo que vamos consumindo, me tirava a energia que eu deveria utilizar para me centrar nos momentos em que precisaria tomar decisões, focar no trabalho ou qualquer situação onde eu deveria focar no agora. Minha mente sempre estava no passado, naquele post que vi e me deixou puto, ou no futuro, sobre as ideias de pessoas que ficam nos alarmando nas redes sociais.

Há algum tempo eu até fiz um desabafo comentando que parece que a vida dos ativistas digitais é de todos os dias algo ruim. Enquanto os influencers tem uma vida perfeita e causa inveja em alguns, os ativistas que eu acompanho só compartilham desgraça (talvez isso aconteça com você também).

Isso nos afeta profundamente e só percebemos quando tiramos um tempo para refletir e voltar o nosso foco no agora.

Pois bem, hoje eu estou conseguindo entender o que realmente é importante pra mim, estou conseguindo canalizar a minha energia nas coisas que valem a pena e até mesmo convivendo pacificamente com os momentos em que realmente não tem nada para fazer, como esperar um elevador ou não ter distração na Netflix.

Minhas manhãs não tem sido aquela vontade de xingar o presidente (apesar dessa vontade não ser causada somente pelas redes sociais), muito menos as noites mal dormidas, apesar do contexto em que estamos.

Estou bem comigo mesmo, morando sozinho, vivendo sozinho, tendo como companhia os gatos e minha mente divagante.

Talvez até dê para ter este resultado e ainda utilizar as redes sociais, porém não é isso que os estudos (que compartilhei anteriormente e que você pode achar na internet) nos mostram.

Conclusão

Hoje eu me despeço das pessoas que me acompanham nas redes sociais e lhes digo que pode ser um adeus ou um até logo. Porém o meu blog e meu LinkedIn continuam ativos e você pode me acompanhar por aqui e por lá (linkedin/william-oliveira).

Eu vou desativar todas as minhas redes, mas quem curte meu conteúdo pode continuar me apoiando pelo Apoia.se e recebendo novidades por lá: apoia.se/uillaz. Outro modo de trocar uma ideia comigo é acompanhar minhas lives na Twitch.tv: twitch.tv/uillaz.

Enfim, se você quiser saber um pouco mais sobre como as redes sociais estão nos impactando eu recomendo os seguintes conteúdos:

Podcast

Livros

Estes livros podem ajudar a se afastar ou utilizar as redes sociais com mais consciência.

Espero que meu relato te inspire a cuidar melhor da sua saúde mental e do que você tem consumido online.

Photo by Jan Tinneberg on Unsplash

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